Salvamento de coquina tem como objetivo contribuir para educação

Uma incrível descoberta no Distrito Industrial de Rio Claro! Assim pode ser chamado o descobrimento de uma coquina, um tipo de concha fóssil, na porção norte da cidade de Rio Claro, entre o Distrito Industrial e o bairro Santa Clara II. Em 24 de abril deste ano, geólogos, arqueólogos, paleontólogos e estudantes se reuniram para fazer o salvamento dessa coquina, uma vez que o local será ocupado por um loteamento. O vídeo a seguir mostra a estrutura fragmentada da coquina, após a escavação.

 

A geóloga e especialista em paleontologia, Rosemarie Rohn, explica que é muito importante fazer o resgate da coquina, uma vez que com a construção do loteamento no local, sua estrutura irá desaparecer. Além disso, sua preservação possibilita o levantamento de dados para estudos próximos. Segundo ela, há na região urbana de Rio Claro uma ocorrência muito rara de coquina da formação Corumbataí. “Coquina é uma rocha formada por uma acumulação de conchas e isso se formou há mais ou menos 260 milhões de anos. Então trata-se de uma coquina muito antiga. Sua presença aqui mostra que na região tinha um mar, era um mar interior, mas era um mar. Essa coquina foi formada por ações de tempestades, e assim, as conchas foram se juntando”, frisa.

O local compreende afloramentos das unidades Formação Rio Claro (Cenozoico) e Corumbataí (Permiano), onde existem feições de valor paleontológico, hidrogeológico, geomorfológico, sedimentar, estratigráfico e estrutural. A área também possui anfiteatro de nascentes. O geólogo André de Andrade Kolya, explica no vídeo a seguir, a composição da coquina.

De acordo com Kolya, as etapas de salvamento se basearam em marcações feitas no solo, escavação para a retirada do material, numeração dos fragmentos, limpeza destes e coleta das conchas fósseis, para posterior levantamento de mais informações sobre a coquina em laboratório, com a finalidade de elaborar uma exposição para estudantes.

Rosemarie comenta sobre a importância da numeração dos fragmentos da coquina, para realizar a coleta do material.

A descoberta da coquina é fruto de um trabalho de iniciação científica da recém-formada em Geologia pela Universidade Paulista (Unesp de Rio Claro), Fernanda Barbosa Bertuluci. Seu orientador, José Eduardo Zaine, conforme pode ser apreciado em seus comentários a seguir, relata como foi essa fase de descobrimento de sua aluna. Posteriormente, Fernanda conta sobre sua conquista.

 

No início e meio dos trabalhos que envolveram a escavação, numeração e coleta da coquina, foi utilizado um drone para fazer imagens dos processos.

O geólogo André de Andrade Kolya explica a utilização do drone e suas funcionalidades.

As ações contribuíram ainda, para o envolvimento de alunos da Unesp de Rio Claro e Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), possibilitando a participação até de estudantes de outras áreas, como do graduando em engenharia de produção, Bruno Jamelli Silva Freitas, promovendo a interdisciplinaridade.

Após a descoberta da coquina, Fernanda Barbosa Bertuluci elaborou um trabalho escrito, explicando os elementos geológicos encontrados na região. De acordo com sua análise, o afloramento da camada de coquina compreende uma área de cerca de 10 m², exposta a partir da remoção de vegetação e início de abertura de rua no local. A estudante concluiu que os níveis de conchas fósseis, abundantes antes da urbanização do município, são de ocorrência rara e seu levantamento comprovou que o sítio da geodiversidade possui elevado potencial de uso educacional, porém, em condições de alto risco de degradação. O geólogo e professor Zaine enfatiza, ainda, a colaboração da descoberta para a educação.

 

Nathalie Gallo – Jornalista

MTB 0082608/SP