Geoparque Corumbataí colabora com planejamento estratégico da Região Turística Serra de Itaqueri

Geoparque Corumbataí colabora com planejamento estratégico da Região Turística Serra de Itaqueri

Na quinta-feira, dia 28 de abril de 2022, a equipe do Projeto Geoparque Corumbataí esteve presente na reunião da Região Turística Serra do Itaqueri, Governança Regional, que congrega pessoas e organizações da iniciativa privada (Associação Serra do Itaqueri) e do poder público.

A antiga estação de trem e olaria fazem parte da história do território e ajudam a explicar como a Geodiversidade influenciou no desenvolvimento da região.
A antiga estação de trem e olaria fazem parte da história do território e ajudam a explicar como a Geodiversidade influenciou no desenvolvimento da região.

A reunião, que ocorre de mensalmente de forma itinerante, dessa vez foi realizada no Espaço Olaria, um novo espaço de gastronomiae lazer localizado nas imediações de um dos mais importantes sítios culturais do município de Corumbataí.

Os encontros da Associação são um espaço de planejamento, troca de informações, apresentação de projetos, resultados e tomada de decisões. Como associado da Associação, o Geoparque Corumbataí tem na ASI um ambiente ideal para trabalhar em rede com as principais lideranças do território.

Área verde do restaurante e espaço de lazer Espaço Olaria.
Área verde do restaurante e espaço de lazer Espaço Olaria.

A reunião iniciou com a Palavra do prefeito de Corumbataí, Leandro, que deu as boas-vindas aos presentes e retratou o caminho do município desenvolvimento do turismo sustentável nos últimos anos.

Em seguida a Dani, da equipe do Senac, fez uma apresentação sobre o desenvolvimento organizacional da Governança, com a criação de uma Instância de Governança e Grupos de Projetos. O Fernando seguiu com a apresentação da revisão do Plano Diretor de Turismo Regional.

Fernando, da equipe do Senac, ressalta a Geodiversidade como uma força do território.
Fernando, da equipe do Senac, ressalta a Geodiversidade como uma força do território.

Uma das estratégias na revisão foi a realização de uma Análise SWOT, onde a Geodiversidade recebeu destaque como uma das Forças do território.

Em seguida, os presentes se reuniram em grupos para a realização de uma chuva de ideias para os novos projetos da ASI. A equipe do Projeto Geoparques Corumbataí indicou um projeto voltado ao turismo pedagógico como prioridade para as metas no novo Plano Diretor.

Grupos discutem temas e objetivos para os futuros projetos da Associação Serra do Itaqueri.
Grupos discutem temas e objetivos para os futuros projetos da Associação Serra do Itaqueri.

Nova gestão para dar continuidade ao trabalho da Associação

O próximo item da pauta foi a transição da gestão da Associação. O então presidente, Wendel, destacou as ações realizadas nos últimos anos, que avançaram mesmo com todas as dificuldades impostas pela pandemia. Um dos destaques é a parceria da Associação com o Projeto Geoparque Corumbataí, que participa da governança desde 2016.

Wendel agradeceu pelo tempo à frente da gestão da associação e desejou sucesso a nova presidente Aline e aos demais diretores e diretoras.

O então presidente Wendel com a nova gestão da Associação Serra do Itaqueri.
O então presidente Wendel com a nova gestão da Associação Serra do Itaqueri.

A Aline já contou, com muito entusiasmo, as próximas ações da entidade, inclusive a estratégia para inserir os associados da ASI no projeto de Rotas Gastronômicas, do governo do estado de São Paulo.

Em seguida a Benedita, em nome da organização Amigos da Fazendinha, chamou atenção dos participantes para a conservação da região das Unidades de Conservação de Itirapina, ressaltando a importância do local para a recarga do Aquífero Guarani, bem como para o desenvolvimento do Cerrado paulista.

A reunião finalizou com um almoço e confraternização, onde os participantes puderam aproveitar para a troca de informações e o estabelecimento de parcerias. A próxima reunião da ASI será realizada no dia 19 de maio, no Acampark, localizado no município de Charqueada.

Unesp publica relatório para apoiar proteção de geossítio ameaçado por barragem

No início de 2022 a TV Claret, rede de comunicação da região de Rio Claro, publicou reportagem divulgando problemas e inconsistências no projeto de construção de uma barragem de água entre os municípios de Ipeúna e Rio Claro.

Reportagem da TV Claret sobre a importância do local que seria inundado pela barragem.

Segundo pesquisadores da Unesp ouvidos na matéria, o local escolhido para a barragem envolveria a inundação de um Geossítio do Projeto Geoparque Corumbataí e de um dos mais importantes sítios arqueológicos do Brasil, o sítio Alice Boer. Os técnicos apontaram também algumas lacunas no Estudo Preliminar que propôs aquele local para o reservatório de água e também identificaram problemas na forma como o projeto foi divulgado.

Vista aérea de parte da área que seria inundada pelo barramento. Foto de Kedma Grella.

Com a repercussão da reportagem, a comunidade local se organizou em um Grupo de Trabalho para discutir e reunir informações técnicas sobre o projeto. Uma das ações do Grupo de Trabalho foi propor uma representação junto à Promotoria de Justiça e Meio Ambiente de Rio Claro para que o órgão acompanhe o caso.

Dessa forma, atendendo a solicitação da Promotoria, a equipe de pesquisadores da Unesp elaborou um Relatório Técnico descrevendo os pontos de atenção identificados no Estudo Preliminar que propôs a construção da barragem e na divulgação da obra.

Mapa indicando a região que seria inundada pela construção da barragem.

Além de identificar problemas, o relatório, disponível para download no link abaixo, também apresenta alternativas e soluções inovadoras para garantir água em quantidade e qualidade para toda a população. Dessa forma, a equipe da Unesp espera contribuir com o acompanhamento do Ministério Público e com o desenvolvimento regional aliado à conservação cultural e natural.

A Unesp continuará trabalhando para acompanhar o caso e, sempre que necessário, atualizando os estudos sobre a relevância do patrimônio cultural e natural da região, bem como de ferramentas sustentáveis de desenvolvimento regional.

Geoturismo de Ipeúna é foco de estudo da Unesp Rio Claro

Modalidade tida como a mais recente entre os tipos de turismo de natureza, o geoturismo vem ganhando espaço na pauta de pesquisas de algumas universidades do país. E com um olhar bastante inclusivo. Agrega também aspectos educacionais e culturais. É o caso do trabalho “Proposta de roteiros geoturísticos para o município de Ipeúna-SP: Subsídios para o planejamento turístico”, de Marina Ciccolin de Almeida.

O estudo foi apresentado como trabalho de conclusão de curso ao Instituto de Geociências e Ciências Exatas da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp), campus de Rio Claro, SP, para a obtenção do grau geólogo. E faz um levantamento minucioso do potencial geoturístico do município com vista ao desenvolvimento sustentável, à preservação do patrimônio histórico e cultural e ao fomento à educação.

Com orientação do professor doutor José Eduardo Zaine e coorientação do mestre André de Andrade Kolya, ambos da Unesp Rio Claro, o trabalho foi apresentado à banca examinadora em dezembro de 2019, no anfiteatro da Biblioteca Unesp. Compuseram a banca, além do professor Zaine, o professor doutor Washington Barbosa Leite Júnior e o doutor Flávio Henrique Rodrigues.

Ao longo de um ano de trabalho de campo e bibliográfico, com auxílio de sensoriamento remoto e cartografia, Marina Ciccolin elencou os pontos mais pertinentes ao turismo natural e histórico/cultural no município. Com os dados coletados e processados, chegou às 15 localidades mais representativas ao geoturismo local, reunidas num mapa elaborado pela autora. Parte delas, aquelas com turismo natural e entrada franqueada ao público geral, transformou-se em uma proposta de roteiro tripartida.

O primeiro roteiro, chamado Caminho das Rochas, é voltado sobretudo à comunidade científica e a estudantes universitários e de ensino médio. Olhar para os quatro afloramentos ali presentes é vislumbrar um passado muito distante, de eras como a Paleozoica e a Cenozoica ou do período Triássico. Sítios arqueológicos e jazidas fossilíferas fazem parte do roteiro, onde é possível encontrar fragmentos de ossos de mesossauros de cerca de 250 milhões de anos.

O segundo, denominado Caminho das Águas, contempla rios e cachoeiras. Tem forte apelo com a comunidade local e turistas que visitam a cidade em busca de recreação em suas águas. Nesse roteiro também se encontra um importante sítio arqueológico, com vários achados de origem lítica, como pontas de lança, raspadores e machados (datados de cerca de 11 mil anos).

Por fim, o Caminho da Natureza propõe uma abordagem geoecológica. Busca associar os aspectos da geodiversidade com os da biodiversidade. Chamam atenção aqui características marcantes do relevo, como as cuestas e os morros testemunho, e suas relações com as interações ecológicas. É a meca dos esportes off-road. Mas não só. Caminhada, observação de flora e fauna, pesquisa acadêmica… Versatilidade é a marca do Caminho da Natureza.

As rochas, as águas, a natureza. Geoturismo de Ipeúna é marcado por diversidade de roteiros e enfoques, do científico e acadêmico ao esportivo e contemplativo.

A profusão de roteiros justifica-se. Município do centro-leste do estado de São Paulo, Ipeúna se assenta em uma área de interface entre cuestas basálticas e a depressão paulista. Vem daí grande parte das belezas naturais e geológicas do entorno, com atributos espeleológicos, estratigráficos, geomorfológicos, paleontológicos, arqueológicos e ambientais.

É toda essa riqueza peculiar que faz de Ipeúna um dos oito municípios da Bacia Hidrográfica do Rio Corumbataí que dão forma ao Projeto Geoparque Corumbataí. A iniciativa de preservação do patrimônio natural, histórico e cultural com difusão do geoturismo conta ainda com o apoio da Unesp Rio Claro, da Unicamp e do Consórcio PCJ.

Serra do Itaqueri. Na paisagem de cartão-postal, vocação para o geoturismo com cavernas, cachoeiras, paredões e Mata Atlântica. Segundo Marina Ciccolin, afora os esportes off-road, há espaço para atividades como rapel e montanhismo.

Em uma cidade com economia dependente da indústria, roteiros geoturísticos como esses podem ser o ponto de virada para o desenvolvimento de uma economia de caráter sustentável. E mais. Ao valorizarem e colocarem o patrimônio geológico na mira dos turistas, podem incrementar o comércio da cidade, contribuindo para a geração de renda e seu desenvolvimento.

Além disso, o trabalho tem outro mérito. Historicamente, costumamos negligenciar os aspectos abióticos em favor dos bióticos. Sobretudo quando o assunto é proteção ambiental. Como se pudessem ser desconectados ou se o segundo contivesse maior valor intrínseco. Ao dispor os elementos geológicos no centro da atratividade, da diversidade natural e da conservação, junto da fauna e flora, a autora nos ajuda a entender a amplitude e as potencialidades dos elementos geológicos e a importância da geoconservação.

Marina Ciccolin (à esquerda) durante apresentação de sua pesquisa: “A principal atividade econômica de Ipeúna é o setor industrial. O geoturismo surge como alternativa para o desenvolvimento econômico sustentável. Além disso, é capaz de envolver a comunidade local na valorização do patrimônio geológico e proporcionar, através de estratégias predefinidas, a geoconservação”.

Inventário do Geoparque Corumbataí é publicado pela Unesp

Estratificações cruzadas
Cavidade natural mapeada no âmbito do projeto. Foto: Kolya AA, 2019.

Nesta terça, 11 de junho, o Repositório Institucional da Unesp publicou os resultados do 1º inventário do Projeto Geoparque Corumbataí. Fruto de uma pesquisa de mestrado, o estudo fez um levantamento e análise dos locais de interesse geológico na Bacia do Rio Corumbataí.

A publicação é fruto de um estudo de 2 anos, que contou com mais de 500 horas de atividades de campo e cerca de 1.000 trabalhos consultados. O projeto resultou na criação de um sistema de banco de dados com 170 locais cadastrados.

Mapa dos locais de interesse geológico cadastrados no Projeto Geopark Corumbataí. Fonte: Kolya, 2019.

Além de identificar os pontos de interesse, o projeto publicado realizou a quantificação do valor científico e dos potenciais de uso educativo e turístico dos locais. Neste sentido, foram identificados diversos pontos de relevância internacional, que podem projetar a região ao cenário internacional.

Um exemplo são os Mesossaurídeos, fósseis que ajudaram a comprovar uma das mais importantes teorias das Ciências da Terra: a Deriva Continental. Estes fósseis são encontrados em diversos locais do Geoparque Corumbataí e, desde o século IX, são estudados por pesquisadores de diversos países.

Além do levantamento, o estudo publicado apresenta alguns materiais de valorização da Geodiversidade. Esses materiais incluem guias de campo, vídeos educativos e painéis interpretativos feitos para apoiar ações educativas.

Para acessar o trabalho, faça o download na página do repositório clicando aqui.

Para citar o trabalho, utilize: KOLYA, A. de A. Inventário, quantificação e valorização do geopatrimônio na Bacia do Rio Corumbataí (SP): subsídios ao Projeto Geoparque Corumbataí. 2019. Dissertação (Mestrado em Geociências e Meio Ambiente) – Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, SP, 2019.

Salvamento de coquina tem como objetivo contribuir para educação

Uma incrível descoberta no Distrito Industrial de Rio Claro! Assim pode ser chamado o descobrimento de uma coquina, um tipo de concha fóssil, na porção norte da cidade de Rio Claro, entre o Distrito Industrial e o bairro Santa Clara II. Em 24 de abril deste ano, geólogos, arqueólogos, paleontólogos e estudantes se reuniram para fazer o salvamento dessa coquina, uma vez que o local será ocupado por um loteamento. O vídeo a seguir mostra a estrutura fragmentada da coquina, após a escavação.

 

A geóloga e especialista em paleontologia, Rosemarie Rohn, explica que é muito importante fazer o resgate da coquina, uma vez que com a construção do loteamento no local, sua estrutura irá desaparecer. Além disso, sua preservação possibilita o levantamento de dados para estudos próximos. Segundo ela, há na região urbana de Rio Claro uma ocorrência muito rara de coquina da formação Corumbataí. “Coquina é uma rocha formada por uma acumulação de conchas e isso se formou há mais ou menos 260 milhões de anos. Então trata-se de uma coquina muito antiga. Sua presença aqui mostra que na região tinha um mar, era um mar interior, mas era um mar. Essa coquina foi formada por ações de tempestades, e assim, as conchas foram se juntando”, frisa.

O local compreende afloramentos das unidades Formação Rio Claro (Cenozoico) e Corumbataí (Permiano), onde existem feições de valor paleontológico, hidrogeológico, geomorfológico, sedimentar, estratigráfico e estrutural. A área também possui anfiteatro de nascentes. O geólogo André de Andrade Kolya, explica no vídeo a seguir, a composição da coquina.

De acordo com Kolya, as etapas de salvamento se basearam em marcações feitas no solo, escavação para a retirada do material, numeração dos fragmentos, limpeza destes e coleta das conchas fósseis, para posterior levantamento de mais informações sobre a coquina em laboratório, com a finalidade de elaborar uma exposição para estudantes.

Rosemarie comenta sobre a importância da numeração dos fragmentos da coquina, para realizar a coleta do material.

A descoberta da coquina é fruto de um trabalho de iniciação científica da recém-formada em Geologia pela Universidade Paulista (Unesp de Rio Claro), Fernanda Barbosa Bertuluci. Seu orientador, José Eduardo Zaine, conforme pode ser apreciado em seus comentários a seguir, relata como foi essa fase de descobrimento de sua aluna. Posteriormente, Fernanda conta sobre sua conquista.

 

No início e meio dos trabalhos que envolveram a escavação, numeração e coleta da coquina, foi utilizado um drone para fazer imagens dos processos.

O geólogo André de Andrade Kolya explica a utilização do drone e suas funcionalidades.

As ações contribuíram ainda, para o envolvimento de alunos da Unesp de Rio Claro e Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), possibilitando a participação até de estudantes de outras áreas, como do graduando em engenharia de produção, Bruno Jamelli Silva Freitas, promovendo a interdisciplinaridade.

Após a descoberta da coquina, Fernanda Barbosa Bertuluci elaborou um trabalho escrito, explicando os elementos geológicos encontrados na região. De acordo com sua análise, o afloramento da camada de coquina compreende uma área de cerca de 10 m², exposta a partir da remoção de vegetação e início de abertura de rua no local. A estudante concluiu que os níveis de conchas fósseis, abundantes antes da urbanização do município, são de ocorrência rara e seu levantamento comprovou que o sítio da geodiversidade possui elevado potencial de uso educacional, porém, em condições de alto risco de degradação. O geólogo e professor Zaine enfatiza, ainda, a colaboração da descoberta para a educação.

 

Nathalie Gallo – Jornalista

MTB 0082608/SP