Geólogos da USP fazem treinamento no Geoparque Corumbataí

Durante os meses de janeiro e fevereiro de 2022, equipes de alunos e professores do curso de Geologia da Universidade de São Paulo, estiveram presentes no território do Geoparque Corumbataí. As visitas fazem parte da disciplina de Mapeamento Geológico de Terrenos Sedimentares, matéria indispensável para a formação de profissionais de Ciências da Terra.

Para acessar os afloramentos, os estudantes tem que percorrer estradas e trilhas, passando por locais de difícil acesso porém com belas paisagens.
Para acessar os afloramentos, os estudantes tem que percorrer estradas e trilhas, passando por locais de difícil acesso porém com belas paisagens.

Segundo o Prof. Dr. Paulo César Boggiani, coordenador da atividade, este evento representou a volta das atividades de campo após paralisação devido ao isolamento imposto pela pandemia de COVID-19. Graças à vacinação de todos os envolvidos, além do cuidado no uso de máscaras de proteção, a atividade foi realizada com muita segurança.

Mesmo com toda a segurança relativa aos cuidados com a COVID-19, os participantes tiveram que superar desafios como sol forte, chuvas intensas e barro.
Mesmo com toda a segurança relativa aos cuidados com a COVID-19, os participantes tiveram que superar desafios como sol forte, chuvas intensas e barro.

O treinamento foi realizada em duas etapas, a primeira ocorrida nos dias 31 de janeiro a 5 de fevereiro e a segunda durante os dias 12 a 17 de fevereiro. Com isso, as equipes passaram 12 dias percorrendo as principais rodovias e estradas rurais dos municípios de Charqueada e Ipeúna.

Alunos observam um afloramento de rochas sedimentares, localizado à beira da Rodovia SP-191.
Alunos observam um afloramento de rochas sedimentares, localizado à beira da Rodovia SP-191.

As atividades se concentraram em uma região do território conhecida no meio geocientífico como Alto Estrutural de Pitanga (ou Domo de Pitanga). Essa região é um dos principais geossítios do Projeto Geoparque Corumbataí por abrigar, em uma pequena área, grande parte da Geodiversidade e do Geopatrimônio da Bacia Sedimentar do Paraná no estado de São Paulo. Dessa forma, durante os 12 dias de mapeamento, os visitantes puderam conhecer formações geológicas que contam uma história de cerca de 300 Milhões de anos no passado.

Exemplo de afloramento rochoso mapeado pelos estudantes, exibindo rochas magmáticas que remontam a uma história geológica de mais de 120 Milhões de anos.
Exemplo de afloramento rochoso mapeado pelos estudantes, exibindo rochas magmáticas que remontam a uma história geológica de mais de 120 Milhões de anos.

Durante o treinamento, os alunos passaram por diversas dificuldades como sol forte, chuvas intensas, muito barro, além de longas horas de viagem e caminhada. Tudo isso enquanto aprendiam, investigavam e registravam toda a Geodiversidade do território para a confecção de relatórios e mapas. Depois do um longo dia de trabalho, as equipes ainda se reuniam no período da noite para passar a limpo as anotações feitas durante o dia e catalogar as amostras coletadas.

Durante a noite os estudantes se reúnem novamente para passar a limpo as informações anotadas durante o dia, plotar os dados nas cartas topográficas e catalogar as amostras de rochas.
Durante a noite os estudantes se reúnem novamente para passar a limpo as informações anotadas durante o dia, plotar os dados nas cartas topográficas e catalogar as amostras de rochas.

Além de conhecer e estudar a Geodiversidade do território por meio dos geossítios, os visitantes tiveram o privilégio de encontrar elementos muito raros do patrimônio geológico e cultural, incluindo um tronco de árvore fossilizado e uma ponta de flecha pré-histórica. Este material foi registrado e notificado aos especialistas de arqueologia para auxiliar em novas pesquisas científicas. Este é um importante exemplo de como o turismo científico colabora com o avanço do conhecimento do território.

Artefato arqueológico, uma provável ponta de flecha, produzida por povos pré-históricos que viveram milhares de anos atrás no território do Geoparque Corumbataí. De grande relevância científica, este material foi notificado ao centro de pesquisa especializado em materiais arqueológicos.
Artefato arqueológico, uma provável ponta de flecha, produzida por povos pré-históricos que viveram milhares de anos atrás no território do Geoparque Corumbataí. De grande relevância científica, este material foi notificado ao MAE, um importante centro de pesquisa especializado em materiais arqueológicos.

O turismo científico também é um importante aliado no desenvolvimento sustentável do território. Com a participação de cerca de 100 pessoas, ao longo dos 12 dias de treinamento, a atividade colaborou com a geração de empregos e renda em serviços de transporte, hospedagem e alimentação. Para viabilizar o treinamento, a USP mobilizou uma grande frota de veículos e motoristas.

Frota de veículos disponibilizados pela Universidade de São Paulo para as atividades de treinamento dos alunos
Frota de veículos disponibilizados pela Universidade de São Paulo para a realização das atividades de treinamento dos alunos de Mapeamento Geológico de Terrenos Sedimentares.

O Mapeamento Geológico de Terrenos Sedimentares é uma disciplina obrigatória dos cursos de Geologia e, além da USP, outras universidades como Universidade Estadual Paulista (Unesp), Universidade de Campinas (Unicamp), Universidade Federal de Goiás (UFG), entre outras, também usam o território do Geoparque Corumbataí como laboratório de treinamento.

Mapa dos Patrimônios Naturais do território do Projeto Geoparque Corumbataí. A atividade de campo foi realizada na região de Ipeúna e Charqueada.
Mapa dos Patrimônios Naturais do território do Projeto Geoparque Corumbataí. A atividade de campo foi realizada na região de Ipeúna e Charqueada.

Dessa forma, todos os anos, nossa região é anualmente visitada por centenas de estudantes, professores, técnicos e pesquisadores, que ajudam a consolidar o conhecimento científico e a trazer desenvolvimento para o território.

Fotos gentilmente cedidas pelo Prof. Dr. Paulo César Boggiani.

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